quarta-feira, 21 de abril de 2010

Demi Moore vive atípica mãe de família em 'The Joneses'



A premissa de The Joneses, o filme de estreia do roteirista e diretor Derrick Borte, representa uma virada refrescante nas histórias sobre identidades trocadas e percepções errôneas que servem de base a tantos filmes.

O filme trata o consumismo em modo de teoria da conspiração, como se fosse uma trapaça de alcance mundial empreendida contra comunidades afluentes por picaretas que fingem ser os novos vizinhos que todo mundo adoraria emular. Estrelado por David Duchovny e Demi Moore, The Joneses mostra um casal que não se cansa de exibir o que existe de melhor e de mais novo - mobília, tacos de golfe, o que quer que seja - aos suburbanos cobiçosos que lhes servem de vítimas e dispõem de dinheiro suficiente para tentar acompanhar o seu estilo de vida.

Era o que eu sabia sobre a história quando fui assistir ao filme de Borte, e saí impressionado pela forma que ele e o co-roteirista dão a essa história de trapaça, tornando-a tão relevante para o clima econômico atual quanto Amor Sem Escalas.

Tudo parece estranho desde o começo, nessa fotogênica família. Ao volante de um luxuoso utilitário esportivo Audi, a caminho de sua casa nova, Steve Jones (David Duchovny em excelente forma) age como se ele tivesse acabado de sair da concessionária, e diz que gostaria de ter vendido o carro antes de sair de Scottsdale. Sua mulher, Kate (Demi Moore), não parece tão entusiástica quanto deveria ser o caso da parte da nova proprietária de uma mansão. No banco traseiro, a filha Jenn (Amber Heard) e o filho Mick (Ben Hollingsworth) parecem ansiosos demais por trocar de escola e fazer novos amigos.

O casal da casa vizinha, Summer (Glenne Headly) e Larry (Gary Cole), aparece para receber os novos vizinhos com uma cesta de boas vindas. O casamento deles nada tem de feliz. Larry já ganhou o dinheiro de que precisava, e só quer desfrutar disso; prefere deixar que os vizinhos se acomodem sem incomodá-los. Mas os dois são recebidos pelos Jones como se estes fossem um cartão postal em forma de gente, e convidados a entrar; o sutil esforço de venda começa já naquele instante.

Mas os Jones não são vendedores. Vendem um "estilo de vida, uma atitude", em nome de um absurdo consórcio de empresas, e recebem atualizações online sobre as altas nas vendas de quaisquer que sejam os produtos de luxo que estejam divulgando. The Joneses muitas vezes parece estar explorando o mesmo fetiche pelos produtos de luxo que animava Sex and the City em meio ao público feminino; e existe a possibilidade de que o filme inteiro tenha sido financiado apenas pelas verbas de merchandising das marcas que ele exibe.

Infelizmente, dinheiro não compra amor, mesmo para os picaretas que estão tentando roubá-lo, e é nessa altura da história que The Joneses começa a oscilar. O fato de que Steve e Kate não sejam realmente casados causa tensão sexual, a libido de Jenn parece acelerada demais para permitir que a trapaça corra suavemente e Mick também tem um ou dois segredos. Borte e Dinzler conseguem manter em funcionamento um jogo divertido de adivinhações, mas depois de dado momento as verdades se tornam fáceis de discernir.

Por algum tempo, no entanto, The Joneses serve como sátira ousada ao consumo conspícuo e sobre o que acontece quando picaretas vendem o som da fritura mas esperam que outra pessoa pague pelo filé.

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